segunda-feira, outubro 05, 2009

LIVRO DE JORNALISTA PONTAGROSSENSE DESVENDA CAMPO DE CONCENTRAÇÃO EM PONTA GROSSA NA ERA VARGAS.

O ponta-grossense que buscar lembranças da segunda guerra mundial, encerrada há aproximadamente 65 anos, terá trazido em sua mente um cenário de lutas sangrentas montado em toda a Europa e Ásia, com a existência de campos de concentrações onde definhavam ou eram executados seres humanos inocentes, graças à xenofobia e as tentativas nazista e fascista de se imporem aos demais povos através da força. Porém, jamais o nascido nesta cidade poderia imaginar que, à despeito de aquelas formas de governos de opressão terem atuado do outro lado do Atlântico, nós, aqui no Brasil, especialmente em Ponta Grossa, seríamos de alguma forma, afetados.
Ao contrário do que aconteceu na Europa, onde os nazistas construíram campos de concentrações para confinar judeus (exemplos de Auschwitz, Sobibor e Treblinka, na Polônia), em Ponta Grossa, durante o governo de GetúlioVargas, também foi criado um campo de concentração, porém para prender alemães, autríacos, italianos e japoneses, seus descendentes ou quem se atrevesse a falar seus idiomas ou cultuar as respectivas tradições. Essa foi a comprovação, através de pesquisa, realizada nos anos de 2006 e 2007, feita pela jornalista Silvia Costa e que faz parte do seu Termo de Conclusão de Curso (TCC). Formada em Comunicação Social, habilitação Jornalismo, pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Silva, hoje, presta serviços em sua área profissional em Irati, além de realizar trabalhos freelancer como diagramadora de livros para a Editora Alta Books, do RJ.
Seu TCC, transformado em livro, foi premiado no Concurso de literatura "Oldemar Justus” – edição 2009, promovido pela Prefeitura Municipal de Ponta Grossa. A jornalista se interessou pelo assunto, após ler o livro “Uma das Coisas Esquecidas: Getúlio Vargas e o Controle Social no Brasil”, de autoria do norte-americano R. S. Rose, publicado em nosso país em 2001, pela Companhia do Livro. Para chegar a essa conclusão, Silvia teve que percorrer os arquivos do Museu Campos Gerais (UEPG), o Laboratório de História da UEPG, o Corpo de Bombeiros de Ponta Grossa, o Arquivo Público do Paraná, além de entrar em contato com a historiadora Priscila Perozzo, no Rio de Janeiro.
O livro de R. S. Rose narra que em um determinado momento da história “alguns paulistas haviam se tornado presidiários em campo de concentração Ponta Grossa”. Não conseguindo informações com nenhum historiador local, (alguns mostrando até desconhecimento sobre o fato), foi em outras fontes, como os armários do Arquivo Público do Paraná, nos guardados históricos do DOPS, no Jornal Diário dos Campos (edições entre 1930 e 1945), Casa da Memória, Laboratório de História da UEPG, Corpo de Bombeiros, pesquisadora Priscila Perozzo (Rio de Janeiro), além de pessoas ligadas às famílias dos estrangeiros perseguidos e se tornaram presidiários do sistema carcerário da época, que Silvia se embasou para fazer a comprovação desses relatos.
O trabalho que deu origem ao TCC, que participou do Concurso Municipal Literário “Oldemar Justus”, edição 2009, teve a orientação da professora da Disciplina de Redação Jornalística IV, do curso de Comunicação Social da UEPG, Vanessa Sabóia Zappia (atual coordenadora do Colegiado de Curso). O trabalho de Silva Costa recebeu a 1ª colocação, entre oito participantes, depois de ser avaliado pelos jurados Sérgio Monteiro Zan (professor aposentado do Curso de Letras da UEPG e presidente da Academia de Letras dos Campos Gerais) e Sérgio Luiz Gadini (professor do curso de Jornalismo da UEPG).
Apesar de alguns comentários de pessoas que chegaram a demonstrar certo ceticismo sobre a real existência de um campo de concentração na cidade, a pesquisa que resultou no TCC e depois num livro, foi amplamente elogiado pela crítica.

UEPG

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